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INDÚSTRIA 4.0 PODE ECONOMIZAR R$ 73 BILHÕES AO ANO PARA O BRASIL

Indústria 4.0

A adoção de conceitos da Indústria 4.0 na matriz produtiva brasileira poderia gerar uma economia de R$ 73 bilhões ao ano.

A quarta revolução industrial ou indústria 4.0 envolve o aumento da informatização na indústria de transformação, com máquinas e equipamentos totalmente integrados e conectados à Internet. Como resultado, tudo pode ser gerenciado em tempo real, de qualquer lugar. “Inteligência artificial, robótica, análise de dados e a internet das coisas trabalham de forma integrada. Sensores permitem a rastreabilidade e o monitoramento remoto de todos os processos”, explica o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Guto Ferreira.

Estudos preliminares conduzidos pelo governo para a elaboração do novo plano indicam que entre 2% e 5% das fábricas brasileiras adotam conceitos da indústria 4.0. Eliminando erros humanos e aumentando a produtividade, pode-se obter uma economia de R$ 73 bilhões ao ano no setor, segundo projeções. “É uma transformação completa nos processos produtivos”, afirma Ferreira.

E a introdução de tecnologias de inteligência artificial ajuda principalmente na manutenção de equipamentos — a ABDI estima que a redução dos custos com reparos pode chegar a R$ 35 bilhões ao ano. Os ganhos de eficiência produtiva correspondem a uma economia de R$ 31 bilhões. Os R$ 7 bi restantes são em diminuição no gasto com energia.

Outro benefício da Indústria 4.0 é a produção com menores impactos ambientais. “A otimização dos processos industriais pode levar a uma redução das emissões de CO2”, aponta o presidente da ABDI. Ele ainda destaca que é possível monitorar de forma pontual cada parte do processo produtivo: “isso resulta em uma produção mais sustentável, controlada e com menos gastos desnecessários. O consumo elevado de recursos naturais tende a cair”.

A ABDI participa do grupo de trabalho do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), que está definindo as estratégias de implementação da Indústria 4.0 no Brasil. As empresas mais competitivas do ramo industrial já aderiram ao conceito. “Introduzir as técnicas no país garante que as empresas possam ganhar mercado lá fora, pois, o Brasil está pagando caro pela sua ineficiência”, afirmou Ferreira.

Cenário atual no Brasil e no mundo

O retrato atual já desperta inquietações. Uma pesquisa da consultoria Deloitte, que ouviu 1.603 executivos no mundo e 102 especificamente no Brasil, sugere que essas inovações ainda podem estar distantes. Em uma das perguntas feitas, apenas 29% dos líderes empresariais brasileiros dizem estar utilizando “tecnologias de ponta” para possibilitar que seus funcionários sejam mais eficientes. A média global é de 47%.

Impactos e oportunidades

O governo pretende anunciar, na primeira quinzena de março deste ano (2018), um plano que buscará acelerar a migração de empresas ao modelo de “indústria 4.0” no país. A intenção é disseminar o uso de tecnologias avançadas como inteligência artificial, impressões 3D, computação em nuvem e internet das coisas (chips embarcados em produtos) no chão de fábrica.

Ferreira antecipa que haverá requisitos claros às empresas interessadas em obter crédito para implantar conceitos da indústria 4.0. Elas deverão ser submetidas a “testes de maturidade” apontando o grau de desenvolvimento tecnológico em que se encontram atualmente. A realização dos testes ficará por conta das próprias companhias, mas uma parte delas poderá ser bancada pela ABDI. A agência, alimentada por recursos do Sistema S, pretende alocar R$ 5 milhões para isso e publicará editais de seleção.

O Brasil vai receber no próximo mês (março/2018), o Fórum Econômico Mundial, em sua versão América Latina, resultado de articulação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Durante o Fórum, será lançada a Estratégia Nacional da Indústria 4.0, as bases que irão nortear a quarta revolução no Brasil. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, durante o 1º Congresso Brasileiro de Indústria 4.0, promovido em parceria com a ABDI, em 5 de dezembro de 2017, lembrou que a mudança assusta em um primeiro momento, “mas precisamos enfrentar e tirar proveito dos impactos e das oportunidades. Ou nos preparamos e nos fortalecemos ou ficaremos para trás”, apontou.

Skaf lembrou que as coisas estão mudando numa velocidade muito maior. “Muito em breve, 100 anos valerão por 20 mil anos de transformações passadas. A educação vai mudar e nossos jovens que estão hoje na escola não têm ideia de quais profissões surgirão. Muitas ocupações morrerão, outras surgirão e é preciso estar preparado”, aconselhou.

Experiência internacional

Já o diretor da Divisão de Criação de Produtos Virtuais do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, Rainer Stark, afirmou que o mais importante para se alcançar a Indústria 4.0 é a coleta e interpretação dos dados. “Não adianta apenas automatizar. É importante saber coletar, interpretar e usufruir das informações no tempo certo para a correta tomada de decisão”, lembrou, ao destacar que as novas tecnologias advindas da Indústria 4.0 devem estar na estratégia central do governo e das empresas brasileiras.

Fonte: Valor Econômico